A diversidade da beleza
Nove em cada dez mulheres brasileiras se submeteriam à, pelo menos, uma intervenção cirúrgica para mudar algo no corpo. Mas quem anseia por uma mudança estética, deve ter uma visão realista, não deve seguir padrões mas sim compreender a diversidade da beleza.
Quando você pensa em “beleza” o que vem em sua mente? Talvez um rosto com olhos claros e lábios carnudos ou um corpo escultural de pele bronzeada? Mas será esse o padrão de beleza? Afinal, existe um padrão de beleza ideal? Pela própria natureza da nossa profissão, dia a dia planejando e executando alterações no aspecto físico das pacientes, somos muitas vezes impelidos à responder questões como essa. E não é só por convicção e sim por evidências, que a resposta torna-se tão óbvia. Não há um padrão de beleza. Não há volume do seio ideal, medidas da cintura, bumbum… nada, quando o assunto é beleza, não há padrão.
Observando por esse aspecto, pode-se compreender os motivos pelos quais o brasileiro é tido como um dos povos mais bonitos do planeta. Pois não temos um único padrão de beleza, mas sim uma diversidade incrível, onde devido à nossa miscigenação, ganhamos traços tão diferentes entre si e tão bonitos ao mesmo tempo.
Pois não é que, na contramão dessa afirmação, está o resultado de uma recente pesquisa, desenvolvida pela Dove/Unilever, onde mostra as mulheres brasileiras estre as que têm a autoestima mais baixa? Segundo a pesquisa, dois terços das mulheres entre 15 e 60 anos de idade evitam atividades básicas da vida porque se sentem mal com sua aparência e 92% das mulheres declararam estar descontentes e querem mudar pelo menos um detalhe do aspecto físico. Essa ansiedade, inadequação e baixa autoestima são os primeiros efeitos colaterais da busca pela beleza de forma inadequada.
De fato a beleza sempre foi uma busca constante do ser humano. E ao longo da história, diferentes padrões de beleza foram sendo adotados de acordo com cada época, conforme à proporção das formas e a harmonização. Ao longo dos anos a beleza passou por vários tipos físicos: proporções matemáticas, corpos roliços, músculos salientes, magreza excessiva… mas a busca pela beleza física, quase sempre foi um objetivo inalcançável. Até este nosso momento na história.
Muitos desses números da pesquisa podem ser explicados devido ao grande número de possibilidades de intervenções no campo estético disponíveis atualmente. Se antes tornar-se e sentir-se mais bonita era inalcançável, hoje é muito palpável. É por isso que, ainda conforme o levantamento, as mulheres alegam que se submeteriam a todo tipo de intervenção estética para se sentir-se mais belas. Isso explica porque não é à toa que o Brasil está sempre disputando com os Estados Unidos o topo do ranking mundial de cirurgias plásticas.
E é nesse contexto que entra um importante papel do cirurgião plástico. Com uma grande parcela da população disposta à submeter-se à pelo menos um tipo de intervenção cirúrgica para melhorar a aparência, cabe ao cirurgião direcionar essa mudança, observando o aspecto natural de cada pessoa, adequando os anseios de cada paciente à realidade de uma forma natural. Observando seus traços, sua estrutura física, sua etnia… valorizando a individualidade e a diversidade, valorizando as diferenças de cada um da melhor forma possível.
Mas é importante compreender que mesmo a cirurgia plástica oferece limitações quanto às mudanças físicas. Não é possível tornar uma pessoa mais jovem, mais alta ou mais baixa, torná-la igual àquela artista tida como referência… enfim, não é possível mudar a essência física de uma pessoa. Também não é possível, através da cirurgia plástica, resolver todos os problemas da vida de uma pessoa. Compreendendo isso e, portanto, aceitando suas próprias características, é que, será possível valorizar suas qualidades físicas, evidenciando que se tem de melhor de forma individual, como uma impressão digital.